Cidade

Uma trama sem data para acabar

Obra de requalificação da rua General Osório lembra uma série que não tem fim

Paulo Rossi -

Tal qual uma série em que a parte mais aguardada é o capítulo final, o projeto da rua General Osório, uma das principais vias que liga o centro à Zona Norte de Pelotas, tem deixado a população ansiosoa. Porém, a espera pela conclusão não é a única semelhança com alguns dramas das telas. Embora o objetivo não seja prender a audiência, a falta de um último capítulo se parece bastante com histórias que se prolongam, sempre com novas tramas.

Se fosse uma série, a requalificação contada em A Saga da Osório já estaria bem além da primeira temporada. Iniciada em fevereiro do ano passado e prevista para ser concluída em novembro, já acumula sete meses de aguardo pelo clímax. São 492 episódios, ou melhor, dias de quebradeira, buracos, máquinas e diversos transtornos. Reviravoltas que valeriam a pena para quem mora ou transita pela rua. Desde que, claro, o final seja feliz.

Um dos milhares de personagens dessa história é Hélen Weber, 25. Os reflexos da obra transformaram o enredo do seu estacionamento e lavagem de carros situado na Doutor Amarante, próximo à Osório. Desde o dia 25 de abril, deixou de ser uma próspera e movimentada aventura. Um erro de projeto - conforme informado a Hélen pela própria equipe da empresa responsável pela obra - fez com que bueiros e tubos fossem mal instalados. E ninguém percebeu a tempo. "Iniciaram a obra muito bem, abriram quatro buracos, mexeram em todo o asfalto novinho colocado em 2015 e depois se deram conta do erro. Agora não sabem quanto tempo levará para corrigir. Uma trapalhada", lamenta.

Se por um lado o erro lembra uma comédia, por outro tem seus ares de drama. Por conta da bagunça na Amarante, o asfalto restante está cedendo e, com bastante cuidado, motoristas que precisam acessar o trecho entre Osório e Deodoro são obrigados a entrar na contramão. Com isso, o movimento de clientes para Hélen caiu cerca de 80%. Das 250 lavagens que costumava vender por dia, agora raramente ultrapassam 50. Justamente no momento em que ela mais precisa de dinheiro. "Estou grávida e isso aumenta bastante os gastos, mas parou tudo."

Empresa não comenta o assunto
Parte importante deste enredo, a empresa SBS Engenharia, responsável pela requalificação da Osório, foi procurada pelo Diário Popular para explicar os motivos que levaram à parada das obras no cruzamento com a rua Doutor Amarante, que já dura três semanas. Por telefone, o engenheiro Gustavo Miranda se negou a falar sobre o assunto. Questionado sobre a justificativa dada aos moradores de que um erro de projeto teria causado o atraso, deixou para que a prefeitura entrasse em ação. Limitou-se a dizer que a responsabilidade é do município.

Protagonista, coube ao engenheiro civil e secretário de Planejamento e Gestão (Seplag), Paulo Morales, assumir a bronca e revelar os bastidores da história do trecho mais crítico da obra. "A esquina é o único ponto ainda sem concreto para os ônibus, justamente por conta dessa intervenção de drenagem. A demora se dá porque ali na Amarante houve um erro na escavação, que fez os tubos chegarem muito baixos à Deodoro, não conectando com os demais. Isso será corrigido nos próximos dias", justifica.

Outros cenários
Na manhã da última terça-feira a reportagem percorreu todo o cenário desta longa série da Osório. Embora a maioria do trecho entre Gomes Carneiro e Dom Joaquim esteja com trânsito normal, alguns pontos ainda sofrem intervenções (confira o infográfico). De acordo com a Seplag, deve começar agora a colocação de tachões entre a pista de veículos e o corredor de ônibus, bem como a nova sinalização de trânsito e a instalação do mobiliário (bancos, lixeiras e bicicletários). Ou seja, há um novo prazo para o episódio final: 45 dias. Desta vez, tudo o que os personagens e espectadores não querem é que a história tenha uma nova guinada dramática. A espera é por um final feliz, já que a requalificação completa da via deverá melhorar o fluxo entre a Zona Sul e a Zona Norte da cidade, garantindo agilidade sobretudo ao transporte coletivo, através da faixa exclusiva para ônibus, além de melhorar o passeio de pedestres com o alargamento de calçadas, a instalação de piso tátil para deficientes visuais e a construção de rampas para cadeirantes.

 

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